quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Decidi?


Decidi! Mesmo lutando contra a vontade imensa que bate aqui no peito desde os 5 [quando andava pela casa só de calcinha com um microfone na mão, fingindo falar todas as línguas do mundo], não vou sair daqui... Nunca vou sair daqui, nunca vou almoçar a 42m do chão numa torre de vidro.Nunca vou começar um pretzel nova-iorquino em pela Times Square. Nunca vou conhecer o mundo, vou aceitar meu destino [no sentido mais pragmático da palavra]... viver na realidade e esquecer os planos de ser uma perfeita poliglota ao fim dos 23.

Desisto... vou tacar fogo em todo meu dinheiro e rachar um carro com a minha mãe. Sim, talvez semana que vem passemos na concessionária e levemos [levamos, levaremos... sei lá] de 60x o carro mais barato do pedaço. "Quer andar de carro velho, baby? Venha!" E não vou fazer disso nenhuma lenha. [nossa, que piada infame]. 

E vocês acham que esse post é só um pouquinho pessimista?! Não é não! Talvez seja realista... talvez seja aquela crise do último ano da faculdade... Tanto faz! Vou comprar um carro...talvez eu compre um carro. Isso se eu conseguir abandonar as idas clandestinas ao shopping para comprar absorventes de 40 dólares.... Eu tenho que comprar um carro.... [Peraí! Eu tenho um carro! Não tenho?]

...E mamãe já gritou ali de dentro que não vou comprar um carro.... e nem vou pro Canadá... muito menos comer pretzel em plena Times Square. Mas talvez ela faça cachorro-quente pra mim hoje. Será que nem minha mãe bota fé em mim?!


Ninna... eu preciso urgentemente de um canudo e uma beca! Eu preciso urgentemente conhecer o Conselho Britânico!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu queria mesmo...

































... um pretzel nova-iorquino, um cachorro-quente tipicamente americano, daqueles de rua, feito à base de salmonela... ver a Times Square a noite... me sentir adulta e perdida em meio ao caos de uma megalópole. Eu quero New York City!
Eu queria as aventuras de uma Carrie... sem o sexo, só a cidade. 

Dude, where's Auckland?!


Criei um bloguim há uns dois out três anos atrás, longe muito longe da pretensão de ser lido por ai. Apenas intencionei escrever minhas coisinhas, falar do meu mundinho, de inferências e referências pessoais e intransferíveis... Comecei assim, despretenciosamente... esse canto é só meu e pronto.

Algum tempo atrás, no entanto, fuçando o blog da amiga cantora, me deparei com um contador de visitas... Achei bonitinho o layout, gostei da ideia... e pensei cá com meus botões: quem será que fuça também o meu cantinho?! Aquela velha história de saber quem acha a tua grama mais verde que a sua própria. Pois é, coloquei, mesmo achando que não ia dar em nada.

Algum tempo se passa, e eu, visitando os rastros de meus poucos leitores, me deparo com algumas surpresas... Aquele carinha conhecido do prédio vizinho, amigas fieis de blog, outros não amigos que juraram nunca por o mouse aqui... alguns gringos, pen pals e muitas, muitas cidades e pessoas estranhas. 
Me achei nesse momento! Tem gente em Tóquio, na Rússia, em Telaviv, no Moçambique que já ouviu  o nome desse blog ploc, alguém que algum momento entrou aqui, fuçou um pouquinho, alguém que passa horas aqui, que me visita frequentemente... pra achar uma merda ou uma genialidade. Tem gente até em Auckland, falantes de inglês, alí pertinho da Austrália que vem ocasionalmente visitar meu Lunário! Que legal!

Esse é um post bem ploc, pra quem ainda não reparou. Eu devia estar fazendo meu discurso agora... Mas é que essa rede mundial tem feitos que me encantam, me assustam, às vezes. As fronteiras se espremem entre um computador e outro. E nem era pra ser assim... esse era pra ser só o meu cantinho. 

Ninna.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Dot the I




    "Un baiser c'est le point sur la i du mot aimer."



"Um beijo é o pingo no I da palavra amar"... 

...porque em francês amar tem I e o beijo é o que completa o ciclo. Alguns outros dizem que o beijo sela a vida... eu cá com meus botões poderia sugerir que sela o encontro... ainda que não seja perfeito, ainda que nem haja encanto, ainda que nem haja rimas...
Ando muito a flor da pele, qualquer poeta de meia esquina me faria chorar [um certo prosador me fez lembrar].
E agradeci a lembrança... agradeci minhas referências e comemorei em prosa, num livro velho, a menção que minha mente imunda e bela me deu da frase há muito esquecida... Como amo minhas referências! Como amo ser estranha e sozinha! E pra selar o encontro de mim mesma com as minhas referências... um beijo. Porque vale a pena por os pingos nos 'is'...

E deitei, me lembrei do tempo em que poderia versar sobre tudo o que fosse estranho e alheio como quem beija... como quem sabe exatamente o momento certo para entrar em perfeita sintonia. Deitei, olhei ao alto e lembrei do relógio imaginário. Como quem beija, esquece a vida... e se vê atrasada pra levantar, pra fincar os pés no chão e partir pra briga, ainda que não saiba brigar... partir pro jogo, sem saber jogar. As coisas podiam ser tão imutáveis e tão passíveis de mudanças... as referências, aquelas antigas, do filme repetido, da cena vista, ensaiada, analisada. As referências impulsionavam a lembrar de  ter medo do escuro só pra conseguir um abraço, ou o olhar consolador que há muito foi esquecido. Lembrei de ter medo e de me sentir sozinha, ainda que com a bolsa carregada e os planos prum dia perfeito...

E cá eu, nem sei mais do que falo. Solto palavras que não são tantas, que tão encantam, que não acalentam, tampouco suportam o medo de brigar, de pisar com força no chão e se defender. Eu aqui, nem sei do que ensaio mostrar... nem sei ao certo se minhas entrelinhas são linhas para mais alguém, muito embora não me importe tanto assim... muito embora me entregue a distração de coisas pequenas, outras referências e vá brincar.

Como quem beija, vivo a vida, vivo em plena e absurda redundância... vivo de contextos e referências... pura pragmática... estabilizo imagens e as recorto como bem quero. E  se poder me falta fora, aqui dentro me devora... e consome. Sou dona e possessa de mim e de sentido, não me falto, nem me julgo. Só assim, como quem beija...

Ninna... em certo e absurdo intertexto... longe dos semas... os pingos nos 'is'.


P.S.: A imagem é do filme Dot the I (2003)...surpreendente, cabeça, mais que perfeito... [vi faz muito tempo]... um dito filme do Gael [e só pra constar, eu sou fã número 1 desse moço... a ponto de dar esse nome a meu provável filho].