"Un baiser c'est le point sur la i du mot aimer."
"Um beijo é o pingo no I da palavra amar"...
...porque em francês amar tem I e o beijo é o que completa o ciclo. Alguns outros dizem que o beijo sela a vida... eu cá com meus botões poderia sugerir que sela o encontro... ainda que não seja perfeito, ainda que nem haja encanto, ainda que nem haja rimas...
Ando muito a flor da pele, qualquer poeta de meia esquina me faria chorar [um certo prosador me fez lembrar].
E agradeci a lembrança... agradeci minhas referências e comemorei em prosa, num livro velho, a menção que minha mente imunda e bela me deu da frase há muito esquecida... Como amo minhas referências! Como amo ser estranha e sozinha! E pra selar o encontro de mim mesma com as minhas referências... um beijo. Porque vale a pena por os pingos nos 'is'...
E deitei, me lembrei do tempo em que poderia versar sobre tudo o que fosse estranho e alheio como quem beija... como quem sabe exatamente o momento certo para entrar em perfeita sintonia. Deitei, olhei ao alto e lembrei do relógio imaginário. Como quem beija, esquece a vida... e se vê atrasada pra levantar, pra fincar os pés no chão e partir pra briga, ainda que não saiba brigar... partir pro jogo, sem saber jogar. As coisas podiam ser tão imutáveis e tão passíveis de mudanças... as referências, aquelas antigas, do filme repetido, da cena vista, ensaiada, analisada. As referências impulsionavam a lembrar de ter medo do escuro só pra conseguir um abraço, ou o olhar consolador que há muito foi esquecido. Lembrei de ter medo e de me sentir sozinha, ainda que com a bolsa carregada e os planos prum dia perfeito...
E cá eu, nem sei mais do que falo. Solto palavras que não são tantas, que tão encantam, que não acalentam, tampouco suportam o medo de brigar, de pisar com força no chão e se defender. Eu aqui, nem sei do que ensaio mostrar... nem sei ao certo se minhas entrelinhas são linhas para mais alguém, muito embora não me importe tanto assim... muito embora me entregue a distração de coisas pequenas, outras referências e vá brincar.
Como quem beija, vivo a vida, vivo em plena e absurda redundância... vivo de contextos e referências... pura pragmática... estabilizo imagens e as recorto como bem quero. E se poder me falta fora, aqui dentro me devora... e consome. Sou dona e possessa de mim e de sentido, não me falto, nem me julgo. Só assim, como quem beija...
Ninna... em certo e absurdo intertexto... longe dos semas... os pingos nos 'is'.
P.S.: A imagem é do filme Dot the I (2003)...surpreendente, cabeça, mais que perfeito... [vi faz muito tempo]... um dito filme do Gael [e só pra constar, eu sou fã número 1 desse moço... a ponto de dar esse nome a meu provável filho].
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