terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Abaçaí

Abaçaiado.

"Na mitologia tupi, abaçaí é o nome de um espírito malignoque se apossa de um índio deixando-o enfurecido,logo quem está enfurecido, tá abaçaiado!" - Fernando Anitelli.
Não esperem deste um palco apar de uma tristeza. Não esperem tiros de fogo, nem atos de loucura inerte. Não esperem nada. Meu espírito é possesso, enfurecido, consígno de mim mesma. Uma dor não errante, um pulsar sem candência. Não há dor. Como um tal tupi que de posse de outros, se mostra e se vende... arranca aos dentes tudo o que lhe faz mal, lhe fere, lhe sangra. Eis aqui um tupi, enfurecido, não-inerte, esse efêmero abaçaiado."É assim que eu vou..." Não esperem um espetáculo para tolos. Eis aqui um ensaio de mim mesma... uma prosa em homenagem à dor inexistente, o cumprimento (e não promessa) de se guardar apenas o que é mutável. Contraditório? Não, pulsante. Porque reinventar-se (palavra tola) é o motivo e razão disso tudo. Esse tal ato de arrancar a metade podre de si mesmo aos dentes.
E abaçaiada estou... um espírito possesso dentro de mim. Um quê de malígno, esse tupi revisitado. Fechem as portas aqueles sensíveis, mudem de canal os que esperam uma pseudo-motivação. Não há dor. Não há nada, não há vitrine. Abaçaiada estou... eis aqui o meu espírito. Rasgando aos dentes tudo o que me intoxica... me envenena. Cortando as raízes que sustentam meu edifício inteiro. 
"Das lembranças que eu trago meu perdão e meu rancor". 
Ninna... 
E o que resta é sem sentidoFico perdido, sem direçãoFico danado e nado o que for precisoEm busca de um porto pro meu coração...
Abaçaiado - O Teatro Mágico

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