E de tudo o que um dia possamos desejar às pessoas, não é que elas tenham mais dinheiro, sejam mais, perdoem mais ou se moldem mais. De tudo, uma única coisa... um abraço. Que por um momento, se deixem levar pela calma, pela falta de censura de si mesmo...
De nada adianta o orgulho, o policiar-se a si mesmo o tempo todo, de nada adianta sermos personas de nós mesmos, se nem por um momento, se nem por uma fração de segundos, nos deixarmos levar pela fraqueza, por um abraço... um simples momento sem nenhum pingo de egoísmo... onde podemos ser fracos e fortes ao mesmo tempo, onde podemos balbuciar palavras, entre lágrimas, pedidos de socorro, coração trêmulo e frágil. Nada de egoísmo, nada de máquiagem, o rímel que se borra, misturado ao batom que monta aparência... nada de formalidade ou declarãções proforma.
Tudo se descobre em um abraço. Desejaria que todos tivessem, ao menos uma vez, um abraço... onde tudo morre e tudo nasce. Onde acaba um episódio e começa outro. Onde não há mais forças dentro de si mesmo pra pedir uma só promessa... de que tudo ficará bem. Porque as vezes, um abraço fala mais que mil palavras. Porque as vezes, num abraço, não se pode cumprir a promessa, mas no mesmo abraço, a promessa torna-se mil vezes mais certa que a certeza de se cumprir promessas.
Num abraço se descobrem super-heróis (ainda repudio à nova grafia)... e não, não somos nós mesmos, revestidos de fantasias infantis. Mas as vezes, o herói de capa e galocha que salva o dia é simples e ironicamente aquela pessoa que você maldisse o dia inteiro... por não pagar as contas, por ser mais intolerante que você se julga ser, porque preferir os amigos... Aquele mesmo vilão torto, o que você jurava não querer ver, jurava tentar esquecer... aparece e salva o dia da maneira mais simples, porém eficaz que você jamais jurou presenciar. O mesmo monstro de capa verde, num laçar de braços é capaz de por instantes, ser mais e muito mais que o mais invencível medo... por um instante, em um abraço, você esquece o que teme, porque você vê e chega a ser palpável como alguém consegue ser tão pouco egoísta, assim como você gotaria de ser, por ventura.
Meu dia em um abraço que nem aconteceu. Mas pude sentir, pude palpar, pude ver meus medos e tragicomédias tão pequenos como se fossem nada... Sim, desejo a muitos e a todos, que um dia tenham abraços como este... que um dia, sejam menos, para poder caber num abraço absurdamente livre de egoísmo. Que um dia, deem a cara a tapa, abram os braços para olhares piedosos e beligerantes e todavia orgulhosos, em nome de algo maior. Que um dia se reconheçam insuficientes e falhos, mas não fiquem apenas no reconhecimento... Que andem e andem para frente, sem medo do dedo apontado, sem medo de ser também um mártir... que façam e ajam como se realmente siginificasse algo...
Porque no final do caminho, bem lá no tempo em que se já está cansado, um abraço vale muito a pena. E o medo, que te enlouquece aos poucos, as lágrimas que te deixam acordado a noite, os pensamentos que não sossegam a mente... quando se tem um super-herói de braços enormes, tudo isso desaparece, mesmo que por instantes, em um abraço absurdamente livre de egoísmo! E vale muito a pena!
Ninna... grata porque é tão pequena que cabe num abraço. Grata porque tem em quem ter fé. Aflita, porque nada é certo. Confiante, porque Jeová me ouvirá. E não, esse abraço não aconteceu. Mas sei, que os braços do super-herói de capa e galocha estarão alí, das 5e30 da manhã até tempo indeterminado.