Enquanto a vida andava pacata... podia-se ouvir ao vento a revolta por um mês meio lento, torto, cheio de dívidas e argumentos.
Enquanto andaria sozinha entre corredores e fios de TV, restariam apenas, na menção dos 21 que vieram recentemente, o mero consolo de um tela em branco, cheia de zeros e ums, ou ainda o consolo pela mão que afaga, o abraço que conforta, o tapinha nas costas que revigora e até ousaria fazer engolir as duas palavrinhas de um resultado medíocre... low pass.
Sim, eu fui medíocre... tanto quanto pude ter sido. Muito melhor um fail glamouroso que um pass cheio de garfadas, custoso a descer.
Que faria eu agora com a carta que embora trouxe respostas, não aparece na carta do correio?Ousaria dizer que estaria perdida, raivosa, lançando fogo do olhar de 21 anos, cuspindo sangue e venando espessa baba... estaria eu perdida, com saudade recôndita e não assumida de uma mão que afaga... uma mão nova, cheia de possibilidades, diferenças de mundo e mentalidade... perigosas diferenças.
Entre os 20 e os 21, aqueles que passaram despercebidos entre quartos de hospital e mesas de cirurgia... há somente o bolso vazio pelo contra-cheque que não chegou- ou tampouco chegará, um coração apertado, porque muito embora gostaria, não sei mentir- só sei blefar, uma cara cheia de espinhas tardias e um bilhetinho suspeitoso num armário vazio.
Como ouvi no comercial cor de rosa do perfume cor de rosa, dono do nome que mais odeio... J'aime ma vie... [no bom francês que não aprendi por completo]... amo minha vida.
Custaria acreditar que amo mesmo isso tudo. Amo mesmo essa vida? Seria ingrata se dissesse que não...
Porque...
...depois de orações fervorosas e pedidos fofrêguidos, sobrevivemos, eu e os meus, a uma sala de cirurgia, em plena mudança para os 21.
...depois de um resultado medíocre, tenho impulso e gana pra tentar de novo.
...depois de ser reconhecida medíocre, tive tapinhas nas costas e um bilhetinho suspeitoso do armário.
...depois de assumir ser dona de uma mente imunda e bela, posso sim ser um mártir, e ter acesso a solução de problemas.
...depois de duas semanas longe, tenho pra onde voltar e ir toda a tarde.
...apesar de tudo, sou amada. Sim, sou querida... e tenho amigos que ligam para saber como estou.
...depois de tudo, relevo mentiras e faço do meu amor um escudo.
...sou gordinha, mas tenho maçãs na geladeira.
...sou tão pequenininha que caibo confortavelmente num abraço.
...fantasmas que reaparecem ocasionalmente me assustam. E não tenho vergonha disso.
...penso e repenso possibilidades e mãos, mas também tenho escudo.
...blefo e falo de trocas, mas é tudo papo.
...aprendo devagar, mas o que aprendo, raramente esqueço.
...acho mesmo que não vou crescer. Tudo bem, isso pode ser um encanto.
Ninna... 24 dias de bolso vazio, 2 semanas sem possibilidades, 42 horas de uma notícia engasgada, 75% de competência... 1828484594 mentiras e 20209393745 mentiras 'esquecidas', 1 fantasma que não desaparece, 2 mãos que aparecem, 1 escudo, 1 mente pensante, 1 mão que escreve e não pensa...
E no saldo de mortos e feridos...
'Noves' fora...
deixa pra lá!
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