Coisas que não aprendemos em Grey's Anatomy:
1. Quando você acha que tem milhões de motivos para reclamar da vida... sempre aparece algo que te faz mudar de ideia.
2. Normalmente, você muda de ideia quando acorda com a excruciante dor de mil agulhas sendo enfiadas em seu cérebro, no momento mais gostoso do seu sono.
3. Podemos sim sentir falta daquela coisinha que mais odiávamos.
E nem tive um momento epifánico causado pela correria ou pela ausênsia nesse cantinho por mais de 5 semanas. É que essas coisas, essas realizações típicas de diálogo meredithanos, nos ocorrem no momento exato em que você está na emergência de um hospital lotado, sozinha, com a dor de um milhão (sim, ela multiplicou!) de agulhas sendo enfiadas no seu cérebro através do ouvido. Nesses momentos, à base de muito dramim (ou seja lá qual for o nome do remédio que tomei), você reconhece que dá valor às pequenas coisas - e olha que até o dia anterior você nem lembrava que tinha ouvidos- você percebe que seus alunos não eram tão endiabrados, reconhece que podia mesmo aproveitar a presença daquele namorado tão chiclete certas horas, lembra do percurso de uma hora e meia da faculdade pro serviço e e quase chega a sentir vontade de estar lá, apertada entre um passageiro e outro (bom, talvez não seja pra tanto...). E como diria Meredith Grey, dos cinco estágios do sofrimento, você passa direto à fase da barganha... 'Eu daria tudo pra não está nessa situação!".
São as coisas do corpo humano... o médico me explicou lá, por volta das tantas da tarde (e eu ainda em jejum) que em circunstâncias de stress elevado, o corpo reage das mais diversas formas - pressão baixa, enxaqueca, desmaios repentinos, dor nas costas, dor de ouvido... Caramba, mas tinha que sobrar justo pro meu ouvido?! Ahhh, eu nem tô tão estressada assim... saio de casa às seis e volto as 22h, cheia de trabalhos do serviço e da faculdade... Na Somália, enquanto isso, há crianças trabalhando em minas de carvão ou algo do tipo...
Em suma... stress - o grande responsável pelas minhas 3 passagens pelo hospital em menos de um mês. Fazer o que?! "Essa foi a vida que eu quis"... uma das respostas mais engraçadinhas que ouvi nos últimos tempo... ha ha ha!
Mas, e você ainda não entendeu onde eu quis chegar com esse blá blá blá todo... essa história de dar valor ao que antes você nem ligava? O belo estresse me trouxe uma otite brava, suspeita e mal justificada. E eu em casa... cheia de dor, nem me importaria se estivesse numa sala de aula bem lotada e barulhenta! Hoje é o último dia de aula... ia ter muita comida!
Tsc tsc tsc... vai entender!
Ninna... dois dias de atestado médico, muita dor e uma leve saudade dos meus alunos.
Ninna... de qualquer forma... depois de cinco semanas, é muito bom voltar pro meu bloguinho!
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