Isto não é um post. Não, não é. Nem é um desabafo...ou nada parecido.
Isto é uma confissão... uma promessa. Sou eu, vestida de mim mesma, sem pseudônimos, sem uma tela de computador mascarando o que posso ou não posso dizer, escrever, gritar.
Esta é uma promessa. Não liguem...não dêem atenção se eu me fizer um clone de Scarlett O'hara e usar o "nunca mais" em vão.
Gosto de ser gente grande. Gosto mesmo. Me apaixonei por essa vida meio ínfima, meio cosmopolita que me invadiu os 21. Gosto de acordar de manhã, enfrentar 8 horas de puro dinamismo, pegar 3 ônibus de volta pra casa, almoçar em 20 minutos, chegar ao trabalho, tomar decisões, gritar, pular, ser útil, usar um cartão de crédito, pagar contas, elaborar um orçamento, domar uma sala de aula. Chegar em casa com dor nas costas e a sensação de serviço cumprido, dia cheio e me sentindo o mais adulta possível. Gosto disso, gosto de passar por tudo isso só com uma oração forte no começo do dia e um versículo bíblico pra me guiar.
Mas, e quando depois disso tudo, quando bem no começo do ano, logo no primeiro dia, eu levo um tapa na cara... um "acorda! deixa de ser medíocre!" bem grande na cara?
Cada dia que passa, por mais que eu me sinta bem com o resto do meu mês, não dá pra não reconhecer que tudo não passa de um pífio esforço pra alcançar o vento. Não dá pra ignorar o quão medíocre eu tenho sido, ainda que "adulta" [suspiro]. Depois de tanto esforço, tantas horas sem dormir direito, tanto dinheiro gasto, tantos livros comprados, tanto planejamento, cursos, certificados, horas extras, não há recompensa nenhuma. Nenhuma.
Tudo o que resta é a mesma preocupação mensal, a angústia de sempre, os olhos inchados de chorar em frente ao espelho, pedindo a Deus que ele me dê um quinhão válido nesse mundo fadado ao fracasso... a mesma ligação desesperada pro namorado, pedindo conselhos, as horas e horas a fio de reclamação pura recheada de ironia amarga e stress. Mais noites sem dormir por um salário, que embora muito MUITO merecido, não chegou no dia certo... e nem chegará. Contas a pagar... stress, reclamação, eu me tornando uma pessoa amarga, descontando em quem só me quer bem. Chega, mundo! Chega! De ti, está bem claro que não posso tirar nada de bom! Mas reconheço ter um bom adversário...que suga cada dia a mais a vontade que eu tenho de me sentir útil e adulta... minha felicidade por poder crescer... vê o mundo lá fora.
Levei um tapa na cara e doeu. Mas me fez acordar... fez eu ver a necessidade de dar valor ao que é realmente importante... ver que quem está na média, é simplesmente e puramente medíocre... nada além disso. E eu sequer estou na média.
Me escondi apenas no bom senso, no pensamento de que é tão-somente humano não dar valor ao que de fato é proveitoso. Me preocupei tanto em ser útil pro mundo que esqueci da recompensa principal... de quem realmente a pode cumprir... esqueci da promessa de 5 anos atrás... aquela que fiz diante o mundo quando mergulhei até o fundo de uma piscina, debaixo de todos os olhares... mostrando pro mundo todo que realmente fazer a vontade Dele é a melhor coisa a ser fazer da vida. Esqueci...
Infelizmente esqueci tudo isso, e hoje, quando me olho no espelho de cara inchada, olhos marejados, amarga por toda minha energia sugada pelo mundo e com aquela sensação perene de ser usada, roubada, desgastada, só tem espaço em mim para o arrependimento, para o mudar de atitude... para a oração desesperada pedindo um tapa na cara e uma ajuda. A ajuda.
E felizmente eu tive... tive o aviso... e cá estou. Fui medida, analisada e considerada falha, medíocre. Valeu, mundo!
E assim... diante disso, eu prometo, não sem ajuda, que hoje foi o último dia que me deixei esmorecer pelo mundo. Chega! As minha lágrimas não vão mais para um sistema injusto, falho, imperfeito. Essas lágrimas não são desse mundo! Que salário atrase, que eu seja demitida, que eu seja injustiçada... esse foi o último dia que chorei e fiquei sem dormir por causa do que não vale a pena. Essas foram as últimas lágrimas. A última noite não dormida.
Obrigada, tapa na cara.
A partir de hoje, e com a ajuda Dele, o prêmio bagaço da laranja vai pro mundo! Eis pra ti, o meu pior!
Ninna... não, hoje não é Ninna. Sou eu... Laila. Encantada em conhecê-los.