Não poderia defini-lo com angústia. Uma certa apreensão, eu diria, embora ache mesmo que dormência seria a palavra exata.
Um dia morno, dormente, abstrato... como pareceu ser os últimos. Não pelos motivos que outros possam supor, mas algo em mim, que outrora explodia... está aqui, escondido, intacto... adormecido. Espanto-me, claro. Dessa vez minhas atitudes surpreendem a mim mesma. Mas dessa vez, reconheço em mim a certeza de não receber menos do que mereço, ou pelo menos, menos do que espero.Em todos os aspectos.
Em não abrir mão de meu orgulho, e oferecer um ombro amigo à alguém nem tão disposto assim. Em não me colocar em situação de vulnerabilidade, mesmo precisando parecer vulnerável. Não por achar que não esteja errada, mas por já ter me visto várias vezes na mesma situação e saber exatamente como termina a cena, exatamente a marcação de cada cenário, as falas, a soberba... e a fidelidade pacata e pueril. Não por achar que não me afete. Talvez sim, talvez afete mais do que eu mesma reconheça, mas por dessa vez, achar que, ou tentar achar que mereça um final diferente.
"Não existe lugar vago", foi o que cresci ouvindo. De fato, parece frase boba, de criança, mas o fato é que, quando a gente cresce, essa frase começa a se mostrar mais real do que achávamos.
Não existe pessoa insubstituível. As pessoas passam por nós, nos atravessam, mas poucas são aquelas que ficam. Algumas demoram um tempo, nos marcam mais, mas independentemente do quanto queremos que elas fiquem em nossas vidas, elas vão embora.
No entanto, felizmente ou infelizmente, a presença delas, a sombra delas, não permanecem para sempre entre nós. Em um momento ou outro, por um motivo ou outro, surgem outras pessoas que ocupam o vazio deixado. Pais, filhas, namorados, amigos... ninguém é insubistituível. O ser humano precisa de presença... não importa qual seja. Precisa de afeto, e tateia desesperadamente alguém pra lhe suprir essa necessidade.
Já sofri a dor de não ser insubstituível pra alguém muito importante, mas aguardo pacientemente a hora que alguém não será insubstituível pra mim também. Não pra provar a sensação, não por vigança, como quem brinca de fogo cruzado, mas por simplesmente não precisar gostar de alguém. Simplemente para me desligar da necessidade de me importar.
O tempo passa, e inevitavelmente, as pessoas se tornam substituíveis. Simples assim. O que antes era necessidade visceral de impedir que alguém vá embora, com o tempo vira conformidade. A gente se acostuma com a ausência... A gente se acostuma a não ter, a não ver, não falar. E assim, felizmente, ou infelizmente, a gente deixa de se importar. E é assim que a gente perde amigos.
De novo, não é angústia, não é decepção por um OI não respondido... muito menos raiva. É mais uma dormência, um algo que não vê mais importância. A conformidade de quem vê alguém indo embora, e embora tenha forças pra lutar, simplesmente não se importa. Com o tempo, já NÃO IMPORTA TANTO.
Ninna assinou... ainda no processo... se acostumando a não ter, não ver, não falar. Se acostumando com a ausência. Em todos os aspectos.
Um comentário:
só pra dizer q gostei da cara nova do blog!!!
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