E de repente bate a dorzinha no peito, uma sensação esquisita... como um titubear improvável, no momento exato em que se sabe o que fazer... Mas, seria, como há muito havia-se pensado, dito, professado... felicidade momentânea, clandestina... seria por fim, se permitir, sentir o gostinho do momento raro de dúvida... Se permitir tudo que vale a pena.
Felicidade momentânea... pequenas sensações... o friozonho agradável... borboletas no estômago. Sentir saudade do que ainda nem se viu... chorar porque simplesmente é agradável um momento de fragilidade... alí no escurinho do corredor abandonado...
Achamos perdidas por ai pequenas confissões, um papinho mudo... o olho azul que amedronta brilhando de empolgação... um riso solto... trocadilho infame... a mão... a gritaria que toma conta do prédio. Tudo no meio de um turbilhão de pensamentos que variam do 'é possível?!' ao 'e daí?'
São assim todos os meus dias, a partir do momento em que descobri que os pequenos alvos e tímidas conquistas batem sim à nossa porta sem pedir licença...pedindo para serem aproveitados. É assim... porque por um momento tudo desaparece... briguinhas, papinhos... discussões ao telefone, problemas... tudo isso some no momento em que se tem a oportunidade de enfrentar antigos medos, assumir um alterego,brincar, rir, sentir-se querido, falar, gritar... agir feito um louco, sentir-se mais e mais e mais, maior que o mundo. Ter por um minuto controle de tudo. Sentir-se inseguro, mas fazer cara de paisagem pro medo. Dançar, pular... por que a vergonha vai desaparecendo aos poucos, cria-se confiança... até mesmo naquele olho azul que amedronta.
Vai saber... são assim os meus dias. Porque comprei por ai o biscoitinho da Alice. E aos 20, eu aprendi que quatro paredes e uma janela não me intimidam mais... ao contrário, me libertam.
Ninna... sinto saudade do que nem vi ainda. E na maior parte do tempo, nem sei o que fazer. Mas sempre me permito... as coisas não são imutáveis. E as vezes é bom "ficar de cabeça pra baixo".
Um comentário:
gostosa essa sensação de liberdade inesperada..que vem de não sei onde e como...inesperadamente boa- não merece explicação...e as borboletas...o melhor de tudo é respirar fundo depois que passa e sorrir ao final...bommmmm
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